I.


— Quando eu crescer, eu vou me casar com a Minah! — disse um Shin de treze anos, com um sorriso largo. Por outro lado, Taeyeon apenas fechou suas feições. Estava com ciúmes, e não era de sua irmã. Não queria que Shin se casasse com outra mulher ou homem, o que fosse.


— Ya! E por que você acha que eu deixaria você se casar com a minha irmã? — o mais baixo moveu a mão em punho como se fosse bater no Aikyo, mas o amigo apenas se esquivou com um risinho travesso dançando nos lábios. Park engoliu em seco e inspirou profundamente em busca de algum jeito de se controlar da maneira mais adequada.


— Assim podemos ser irmãos! Irmãos de verdade!


Irmãos de verdade era algo que Taeyeon sabia que não desejava. Embora ainda não soubesse bem o porquê de não desejar aquilo. Muito menos soubesse o motivo de estar tão apavorado com seu ciúmes pelo melhor amigo.


II.


Os anos passaram-se e Taeyeon e Shin ainda eram melhores amigos. Haviam namorado pela primeira vez na mesma época, dado seu primeiro beijo na com a mesma idade e feito a mesma faculdade. Tudo seria perfeito se não fosse o fato de Park Taeyeon ser completamente apaixonado pelo idiota do Aikyo Shin.


E entenda que Shin era idiota por não perceber a maneira como Taeyeon se sentia quando estavam juntos e por sequer notar o modo como o maior não conseguia desviar os olhos de seus lábios mesmo quando a noiva do Aikyo estava por perto e parecia furiosa com a proximidade que ambos tinham.


Jisook tinha certeza de que eles já haviam estado juntos como mais do que amigos.


Mas não era verdade. Shin gostava da garota o suficiente para ser fiel e Taeyeon, pelo ou menos nos últimos meses, sentia-se triste e acuado quando tratava-se de permanecer sozinho no mesmo cômodo que o amigo. Especialmente quando eles estavam muito próximos um do outro e algum tipo de tensão sexual parecia se instalar na sala por qualquer que fosse a razão.


Era como algo palpável sempre que o cabelo loiro do outro estava caído em sua testa e seus olhos, pequenos por causa de um grande sorriso, mantinham-se fixos no rosto do Park.


Naquela noite de julho, no entanto, uma noite quente e abafada de verão, o coração de Taeyeon se partiu em mil pedacinhos. Não fora culpa de seu amigo que ele estivesse ajoelhado em frente à Moon Jisook lhe pedindo em casamento. E menos culpa ainda da garota que aceitava empolgada.


III.


O casamento havia chegado.


Minah quem lhe convecera a participar porque, no fim das contas, ele não desejava ir. Shin era como uma criança empolgada, com um sorriso de orelha a orelha enquanto esperava pela noiva.


Ela não seria levada pelo pai, mas ainda não havia chegado também. “É agora ou nunca. Se você não disser agora, ele vai se casar e sua chance acabou para sempre”, foi o que a consciência de Taeyeon insistiu em dizer.


Aproximou-se do amigo e segurou em seus ombros. — Shin, tenho algo para te dizer. — o loiro pareceu surpreso, mas ainda sorria para o maior enquanto assentia. Ele queria ouvir o que Park Taeyeon tinha para dizer e não tinha certeza se conseguiria falar. Foi preciso que o Park reunisse toda a coragem que habitava em seu ser para verbalizar o que precisava. — Eu amo você, Shin. Eu amei você a minha vida toda. Só não consegui dizer até agora porque eu achava que teria tempo e, também, você parece tão feliz com a Jisook.


Shin ainda sorria, mas seus olhos não acompanhavam mais seus lábios. Ele parecia em choque e Taeyeon quase se arrependeu do que havia dito. — Você ainda vai ser meu padrinho? — foi a única coisa que saiu pelos lábios do Aikyo e, embora Taeyeon tenha se sentido com o coração dilacerado, maneou a cabeça em concordância e soltou seu melhor amigo.


Seu amor.


— Shin, podemos ir. Jisook chegou. — a presença daquela terceira pessoa na sala quebrou o clima e Shin saiu sem olhar para trás, embora sua feição ainda parecesse transtornada.


Caminhou para o lado do noivo, tomando seu lugar como padrinho e assistiu à cerimônia sem preocupações. Chegaria em casa e teria tempo suficiente para se lamentar com Minah sobre seu fracasso.


Como esperado, Jisook disse sim. Mas quando o juiz de paz fez a mesma pergunta para Shin, ele hesitou. — Não — a palavra saiu pesada como uma sentença. — Me desculpe, Jisook… eu passei boa parte da minha vida apaixonado por uma pessoa sem saber que era recíproco. E eu gosto de você, eu respeito você, o suficiente para não brincar com suas emoções assim. Especialmente agora que eu sei a verdade — sua voz soava cautelosa, quase pesarosa, enquanto falava com aquela que deveria ter sido sua futura esposa.


Jisook não reagiu enquanto o Aikyo voltou-se para seu amigo e segurou nas mãos de Taeyeon. Suspiros de surpresa exalaram por todo salão quando o loiro beijou o rapaz de rosto pequeno e cabelos coloridos, mas nenhum dos dois homens pareceu se importar.


— Eu amo você. Sempre amei você como o garoto doce e incrível que você é, mas fui cego para os sentimentos que você tinha por mim por medo de estragar o que tínhamos, nossa amizade, então… eu acho que devo corrigir isso — ele apenas continuou falando sem se importar com o burburinho que se formava ao redor de ambos. Havia tido cuidado demais por tempo demais. Eventualmente, as pessoas teriam que aceitar. — Park Taeyeon, aceita ser meu namorado?