So Hee caminhava a passos firmes dentro do prédio da Youth Unit, uma expressão séria em seu rosto que poderia afastar algumas pessoas, mas ela não se importava muito àquela altura. Tinha negócios a tratar, então era melhor que mantivesse sua face de CEO — até porque aquela era sua face mais conhecida agora. Seus dias de idol haviam ficado para trás.

Em mãos apenas seu celular e uma pasta que continha todos os pontos importantes e necessários daquela parceria que estava prestes a ser firmada, de modo mais concreto agora que artistas de ambas empresas haviam trabalhado juntos. A reunião se fazia necessária porque o perigo iminente de Im Joon Woo dominar absolutamente tudo que tivesse a ver com o entretenimento estava se tornando mais real, especialmente desde o mês anterior. Se So Hee pudesse ser sincera, a compra da Dong Yul por parte da Isao havia lhe pego de surpresa. Sabia que a finada empresa não ia bem das contas, mas não estava mesmo esperando que a Isao a comprasse para torná-la uma subsidiária.

Lembrava-se de uma época que Im Joon Woo era menos ambicioso.

O som de seu salto anunciou sua chega antes que ela pudesse falar qualquer coisa, e com um cumprimento rápido, esperou que a secretária do CEO da Youth Unit anunciasse sua chegada. Entrou assim que lhe foi permitido, fazendo uma mesura breve em direção ao homem. — Olá, Kim Jeong Suk-nim. Digo o mesmo. — Cumprimentou-o de forma polida, tomando espaço na cadeira vaga de frente para ele. — Estou bem, e você? Hm. Vamos começar.

A pergunta dele fez So Hee dar um sorriso breve, de maneira agradável. Sendo honesta, ela não estava mais tão acostumada com aquilo. Ser agradável. Mas era verdade que conhecia o Kim havia alguns anos, antes de toda essa história adultos gerindo empresas. — Penso que passamos mesmo — replicou ela, em um tom menos sério e mais suave, assentindo devagar e mais confortável.

No entanto, sua expressão voltou a se tornar séria no momento em que ele começou a falar, de fato, dos negócios. Assentia devagar a tudo que ele falava, as mãos cruzadas sobre a superfície da mesa entre os dois. Ponderava sobre as possibilidades à medida que Jeong Suk expunha o que podiam fazer daquela parceria. — Eu gosto da ideia de fazer um teste com as duas — começou So Hee, ainda analisando a ideia. — Acho que pode ser rentável e vender bem. As duas tem talento e acho que desde que foram lançadas as pessoas esperam para vê-las juntas em algum projeto. Vai ser bom para o público e creio que seja bom para elas também.

As palavras, às vezes, pareciam mais pensamentos altos do que algo que estivesse de fato dizendo a Jeong Suk, mas seus olhos cruzaram os dele por um momento, perdurando no contato como se buscasse alguma coisa. De todo modo, não deixou seus pensamentos irem muito longe. — Podemos fechar esse pré acordo, e se as coisas continuarem dando certo, firmamos algo mais concreto. Creio que seja o mais seguro a ser feito. — Disse por fim, de fato falando com o mais velho agora. Já tinham um caminho andado com a parceria entre HYE e KY, solistas de suas empresas. Certamente um feat entre as irmãs seria muito proveitoso para todos.

A constatação lhe arrancou um sorriso mais relaxado enquanto ela meneava a cabeça de forma breve e positiva. — Obrigada, oppa. — Disse So Hee, abandonando quase de vez seu lado adulto e responsável sob a perspectiva de apenas conversar com um velho amigo. Quanto tempo ela não fazia aquilo? E quanto tempo não encontrava o próprio Jeong Suk ou outros que foram idol em sua época mas haviam se "aposentado" daquilo. De repente, ela pensou que precisava mesmo relaxar um pouco.

Uma risada breve lhe escapou, assentindo em concordância quando ele disse para ela se preocupara apenas o suficiente. Não era do seu feitio. Nunca fora. Havia em So Hee a necessidade crescente de estar sempre um passo à frente de todas as coisas, especialmente no trabalho que, de alguma forma, nunca deixara de ser a sua vida. Literalmente, vivera para aquilo desde que lembrava. Fosse como idol ou agora como CEO, estar naquele ramo era tudo que ela conhecia, sem se dar grandes chances de ver a figura maior. Prendendo-se em seu mundo, depois de algum tempo, por livre e espontânea vontade.

Balançou a cabeça negativamente para afastar o que ele dissera. — Aniyo. Não foi um problema vir até aqui. Foi bom rever você, de qualquer forma. — Disse ela, oferecendo ao Kim um sorriso mais amigável e agradável. Seu olhar, no entanto, se tornou curioso sobre ele com a proposta feita em seguida. Lá estava sua cabeça outra vez, analisando as possibilidades. Não faria mal, faria? Sair com um velho amigo. — Acho uma boa ideia. Podemos nos encontrar de novo na sexta. — Sugeriu, olhando para Jeong Suk ainda com curiosidade. — Em outro lugar, dessa vez — completou com uma sombra de bom humor na voz.

Quando a expressão de Jeong Suk pareceu quebrar, So Hee teve vontade de rir, mas reprimiu o desejo deixando apenas um sorriso divertido no lugar. Ela podia imaginar que tratá-lo daquela forma seria como uma viagem no tempo, quando a relação de amizade deles era mais próxima e todos os rumores aconteceram. Agora, ainda que continuassem amigos, suas vidas haviam mudado de direção, embora tivessem ido pela mesma. O tempo fora se tornando escasso, de qualquer forma.

Sorriu para ele um pouco mais ao ouví-lo dizer que a acompanharia até a porta, mas meneou a cabeça de maneira negativa para a oferta. — Estou de carro, mas agradeço a oferta. Acho que pode me acompanhar até o estacionamento, então? — Sugeriu ainda com bom humor, levantando-se devagar da cadeira onde estava e observando o sorriso dele. Perfeitamente alinhado. Extremamente branco para quem havia fumado, e ainda fumava. E lindo. Como sempre fora. — Me surpreenda, hm? — Disse ela, sorrindo um pouco mais.

Será que alguns gostos de Jeong Suk haviam mudado? Ou ele continuava, em partes, a mesma pessoa que era dez, quinze anos atrás? So Hee estava, na verdade, curiosa para descobrir.