A preparação para o photoshoot estava quase pronta. O estúdio aos poucos ganhava cenários, câmeras e fontes de luzes espalhadas para todos os lados. E o que acontecia com o nosso ídol? Ele estava sendo perseguido por uma manager muito irritada que tentava fazê-lo parar de se arrastar pelo lugar sentado em uma cadeira com roda. O objeto de cunho empresarial transitava por todo o lugar, causando gritos em funcionários da equipe do fotografo que só queriam fazer os seus trabalhos.

— Hoobae—nim – Gritava a mulher com as mãos na cintura. — Para de fazer isso, está causando uma péssima impressão. – No entanto, Young Soo não dava a mínima, ganhando impulso com os pés e deslizando na cadeira com um gritinho tipo: Iupi! Claro, todos sabiam da fama do garoto de apenas dezoito anos que se comportava como alguém de dez anos. Ele era energético, brincalhão e jovial. Dificilmente ele ficava em algum lugar quieto por muito tempo. Ele sempre era o motivo de por fogo em alguma coisa ou trazer gritos. E naquela manhã só existia os gritinhos.

— Sai da frente que eu tô passando. – Deslizou ele pela esquerda, por pouco não atropelando uma mulher que largou até os papeis que segurava nas mãos. — Olha sunbae-nim... Sem os pés! – E retirando o pé do chão a cadeira deu duas piruetas. Felizmente ele não podia ficar naquilo o dia todo, principalmente porque havia uma sessão de fotos pra fazer e vários compromissos durante a tarde. Deixou a cadeira de lado e seguiu para uma cabine privativa construída de papelão.

— Aí está você, hoobae. – A figurinista que o abordou estava com várias peças de roupa nas mãos e separavam em diferentes cabides. Young Soo percebeu que alguns tinham etiquetas de cores diversas, que na ideia dele serviria para se localizar na hora de usar. Algumas peças ali ele já conhecia, como o famoso terno branco com pedras prateadas. Outras, ele não fazia ideia de como usaria. — As etiquetas verdes simbolizam as roupas que você irá usar hoje nesse ensaio, as outras usaram na sessão de semana que vem.

— Uau! – Ele exclamou. — São tantas roupas! – E a figurinista riu.

— Não são todos para as fotos, alguns são para os stages, outros para os eventos de fandom. – Enquanto ela explicava acessava um ipad e catalogava algumas roupas em pastas diferentes. Young Soo não fazia ideia do quanto estava gastando com ele. Fazer algo bem feito era importante demais para a empresa e queriam que todos os seus agenciados fossem bem recepcionados pelo público.

E qual o melhor jeito do que bem vestido?

Assim que o solista se viu sozinho se despiu totalmente, pegando as primeiras roupas que usariam. O primeiro traje completo era bem peculiar e produzido. No início quem visse poderia julgar que a calça preta simples, a camisa preta de botões e a bota de couro brilhosa era algo extremamente comum naquele meio. O que não contavam, nem mesmo Young Soo era com o casaco estilo suéter marrom escuro com detalhes dourados e a boina que remetia ao clima atual da Ásia. Aquele estilo era algo que o solista usaria com certeza no dia a dia. Todavia, foi somente colocar toda a roupa que começou a sentir calor com o climatizador que deixava o estúdio aquecido naquele inverno.

Em seguida foi abordado pela equipe de maquiagem e estética, que naquele dia não poupou um só brilho. Ele foi cutucado de todos os lados, seus fios capilares recém-tingidos de castanho claro foi o que mais sofreu com escovações que em alguns momentos batiam na sua testa.  

— Ai. – Ele reclamava constantemente, mas não parecia ser ouvido. A equipe se vingava dele por tê-los os perseguido na cadeira de rodinhas mais cedo. E não foi somente o cabelo, teve a pele clareada, a sobrancelha evidenciada e os olhos esfumados em diferentes tons. Primeiro tacaram uma sombra marrom, vieram com um rosa bem chamativo por cima. Os lábios foram delineados e realçados com um brilho labial de cor natural. Nem uma noiva se arrumaria tanto no dia do seu casamento.

Quando ele caminhou em direção a sessão A de fotografia, estava com a bunda quadrada de tanto que ficou sentado. Estranhou logo de início as luzes ali serem menos intensa, era como se quisessem criar algo mais sombrio, íntimo. E além do fundo tradicionalmente verde, não havia mais nada de diferente naquele cenário.

— Soo Young? – Se aproximou o fotografo. O solista já o conhecia de trabalhos passados, afinal o mesmo havia feito o photoshoot do seu debut e também de Bad. — Essas primeiras fotos eu quero algo bem natural, sabe? – E conforme explicava o fotografo relocava o garoto na direção que queria. — Você irá ficar parado, nada de poses exageradas. Queremos apenas gracejos naturais. Pode interagir com o teto, com o bolso e com a sua própria roupa, mas não fite as lentes da câmera.

E enquanto o homem seguia para trás da câmera e posicionava tudo, o estúdio inteiro mergulhou em completo silêncio. Em algum lugar um instrumental contendo apenas um violino e piano começou a tocar. Young Soo estava morrendo de medo que aquilo lhe desse sono. Ficou parado imóvel e teve que segurar o instinto de fechar os olhos quando o primeiro flash surgiu. Ele fitou o chão, reparou na sua bota tão brilhante. Em seguida olhou para o teto, passou a mão nos cabelos duros de tanto laquê. Ficar ali era entediante. Ele virou de um lado, depois para o outro. Colocou uma mão no bolso, depois as duas. E por longos minutos ele ficou apenas naquelas poses sem graça.

Seus pés começavam a doer.

— Agora vamos para o cenário B. – Anunciou o fotografo e Young Soo sorriu de alívio. — Você foi muito bem nas primeiras fotos. – E então ele chegou no segundo cenário, que não era nada mais e nada menos do que uma cadeira de ferro e uma parede amarela. — Aqui você irá repetir as mesmas poses de antes, mas sentado. Pode olhar para a câmera se quiser, porque o intuito dessa etapa e capturar o personagem do seu single.

E enquanto o solista se sentava pensava se deveria agir depressivamente, afinal conseguia enxergar sentimentos bem cruéis no personagem de epiphany. Por sorte assim que colou a bunda na cadeira sentiu um alívio por finalmente relaxar.

— Não fecha os olhos. – Pediu o homem que já estava atrás de uma segunda câmera presa em um tripé. O garoto nem havia percebido que o seu relaxamento havia sido tão grande a ponto dele quase cochilar. A música ambiente havia mudado de algo triste para algo um pouquinho mais animado, quase um jazz.

Enquanto fitava a lente, o jovem tentava controlar as suas emoções positivas. Finalmente estaria de volta aos palcos depois de um ano longo parado. A sua carreira era a mesma, mas tinha algo de diferente naquela vez. Era como se todo o sistema que envolvesse aquele pequeno país tivesse sido derrubado e reconstruído. E ele morria de saudades do seu fandom. E pensando naquilo acabou sorrindo em alguns momentos, mas por ter saído tão natural o fotografo nem o barrou. E um pouco mais relaxado colocou um dos pés na cadeira, sendo bem recepcionado pelo profissional que capturava a sua imagem diante da espontaneidade.

Teve em alguns momentos o zoom bem perto do seu rosto, em outros mais distantes, pegando todo o seu corpo. A sessão B foi a que passou mais rápido, principalmente porque ele começava a se divertir.

— E acabamos essa primeira parte. – Anunciou o fotografo e a sua equipe aplaudiu. — Rapaz, você ficou realmente muito bonito nas minhas lentes. Agora pode trocar de roupa. – E quando o solista se afastou da ala B do estúdio, a figurinista o interceptou. A próxima era a que estava com uma etiqueta vermelha e consistia de uma calça branca, uma camisa de linho, uma jaqueta branca com desenhos em alto relevo também prateado e uma bota da mesma cor.

Enquanto retirava as vestes atuais e trocava para as novas, Young Soo era apenas sorriso e nem mesmo o jazz que ainda tocava no estúdio o desanimou.