Enquanto se juntava com as meninas para torcerem umas pelas outras antes de caminharem até o palco, Hara agradeceu por terem lhe dado a blusa preta de mangas longas e a calça verde limão fluorescente. Assim ela poderia ficar mais confortável para a apresentação daquele dia. Especialmente porque o sol estava quente demais e eram algo como três da tarde. Seu celular estava escondido na mochila e ela sentia-se ansiosa, com o coração na boca. Repassou mentalmente as ordem das músicas: Black Mamba, Pretty Savage - que havia sido censurada para tirar o 'vadia', Ice Cream, More, How You Like That e Crazy Over You.

Subiram no palco e se posicionaram nos devidos lugares e quando Black Mamba começou, Hara era Eden. A persona que tinha a coragem de dar as caras para todas aquelas pessoas. Porque Lim Hara era uma covarde.

I’m addicted kkeunimeopshi
mareul georeojuneun naye eseupa
ireon gyogam, neoye jonjaen nal
dareun chaweoneuro ikkeureotji

Sua voz começou a música, ela tinha movimento precisos e afiados, mesmo que estivesse com medo de que sua voz falhasse. Ela costumava ter a chance de gravar várias vezes até fazer perfeito. Mas ali seria oito ou oitenta. Perfeição ou falha completa. Uma miserável falha.

neon gwangyareul tteodolgo isseo
(Aya ya ya ya ya ya)

Quando o refrão chegou, ela "caiu", deslizando a perna e tentando manter todos os ângulos perfeitos. Talvez se fizesse bem a coreografia, honrando sua posição de main dancer, as pessoas a perdoassem caso sua voz falhasse. Certificava-se de mover a cabeça com força o suficiente apenas, para que o cabelo não ficasse extremamente bagunçado. Sua respiração sob controle para não atrapalhar as garotas com ruídos, não queria ser ela a estraga performances com o ruído sonoro da própria respiração no ponto das meninas ou - pior - altos falantes.

Quando Black Mamba acabou, mal tiveram tempo de seguir para Pretty Savage, onde ela movia os quadris em um rebolado pausado com as mãos erguidas durante parte do refrão. Será que Subin poderia vê-la de onde estava nos bastidores? Ou será que daria muito na cara se ele tentasse. De algum jeito, eles precisavam ser discretos. Mas quando ela acabasse ali, iria procurar a esposa de Shin sunbaenim para assistir ao show com ela, se as meninas quisessem, poderiam ir. Mas com Ji Sook não seria tão estranho se ela ficasse gritando, certo?

Ice Cream tinha uma batida mais agitada e ela estava dando tudo de si. Mas eles fizeram uma pequena pausa onde ela aproveitou para conversar com os fãs. — Olá! — cantarolou, movendo as mãos em um aceno sutil, usando sua voz mais suave, quase um aegyo. — Hoje está quente, mas eu acho que é melhor do que em caso de chuva, não é? — ela acabou por rir um pouquinho, mexendo as mãos em sinal de nervosismo na frente do corpo, apertando-as em busca de algum alívio.

Esperou para ver se alguma das meninas queria falar algo mais enquanto bebia água, se aproximando e Jae Eun para abraçá-la um pouco. Havia sido fácil e rápido se afeiçoar à garota mais nova, bem como as demais. Mas ela e Sakura eram os pais e Lili e Jaeeun seus bebês. O pensamento a fez sorrir sozinha.

Quando passaram para apresentar novamente, a batida animada de ICE CREAM a fez ganhar novo fôlego. Sua cabeça indo e vindo sobre como ela havia treinado para aquele momento e, até o momento, estava tudo bem. Seu maior medo? Palco molhado. Especialmente quando precisassem apresentar Black Mamba. Porque aí sim ela sabia que estariam encrendadas, tendo de deslizar no chão. Ice cream não seria mais piedosa com os pulinhos curtos que abriam a fila em que elas se encontravam.

De qualquer maneira, elas fizeram outra pequena pausa, onde Hara não falou daquela vez. Deixou para as garotas que não haviam conversado anteriormente, dessa vez, apertando Lili pela cintura, olhando-a com uma expressão chorosa antes de cheira a bochecha da mais nova e soltá-la para procurar seu lugar no palco a fim de performarem More. Por sorte, não era ela quem começava aquela, estava cansada. Não havia dormido bem por causa da ansiedade.

Agora só sobravam músicas com coreografias mais apaixonadas e que envolviam movimentos de muita energia, angulações corretas e idas ao chão. Ela, no entanto, mantinha seu rosto com as expressões pedidas pela música, seus olhos afiados e sedutores, como se ela tivesse muita confiança, o que ela tinha de fato. Sabia que era bonita aos olhos dos outros e se estava debutada era porque era boa.

Ainda assim, não deixou de sentir alívio quando chegaram ao fim daquele primeiro dia sem grandes incidentes.