Local: Nightclub;
Participantes: Nishida Yuuto & Matsumoto Yumi;
Detalhes: Noite relativamente nublada, aproximadamente às 21h.

Deveria ser uma sexta-feira como outra qualquer: após o longo período dedicado às habituais sessões fotográficas e à interação com alguns fãs, Yuuto retornaria ao seu apartamento e desfrutaria as horas restantes do dia com os hobbies de sempre. No início da semana, porém, inesperadamente surgira um compromisso, marcado para hoje à noite — período em que ele costumava conceder a si mesmo um pouco de privacidade. Na verdade, tratava-se de um encontro, no sentido ingênuo da palavra. E o mais irônico é que ele próprio havia tomado a iniciativa de convidar a amiga, Matsumoto Yumi — figura igualmente célebre do entretenimento com quem nutria uma ótima relação —, a um clube noturno que tomara conhecimento recentemente, localizado no distrito de Seodaemun. Por que se decidira por tal lugar, nem o rapaz saberia dizer ao certo. A ideia simplesmente despontara, e, sem pensar duas vezes, o modelo a proferiu após o término de um trabalho juntos. Independentemente disso, Yumi, sempre muito solícita e acessível, aceitara. Para a sua surpresa.

É provável que Yuuto tenha optado por um ambiente mais ousado — meio inconscientemente, diga-se de passagem — pelo simples fato de que, nos últimos tempos, vinha sentindo uma vontade crescente de apreciar melhor a vida em Seoul. Afinal, desde que se mudara do Japão à cidade atual, percebera que sua rotina parecia estagnada, repetindo-se de maneira previsível e tediosa. Sendo assim, o primeiro passo para mudá-la havia sido dado. [...] Agora, nesse exato momento, estava se dirigindo ao já mencionado clube. Eram 20h45 — deveria encontrar Yumi às 21h. Primava, é claro, pela pontualidade. Logo solicitou ao motorista particular — um dos poucos luxos o qual se permitia — que estacionasse a uma distância razoável e estratégica do local. Por ser uma figura pública reconhecida, preferia evitar possíveis abordagens. Quando enfim deixou o veículo, súbito foi envolvido pelo clima um tanto gélido. Enfiou as mãos nos bolsos da calça e passou então a caminhar depressa ao longo da calçada, a cabeça ligeiramente abaixada a fim de manter a máxima discrição.

Conforme se aproximava da boate, apressava o passo gradativamente, até que, desviando-se de um grupo de adolescentes à entrada, instantes depois estava adentrando o novo ambiente. Mal avançou alguns passos, o rapaz viu-se engolido pela atmosfera agitava que reinava ali dentro. Evidente que assustou-se; não era acostumado a esse tipo de tumulto. Uma música dançante ressoava à medida que um bom número de pessoas movia-se de acordo com o ritmo. — Céus... Onde eu vim parar? — murmurou Yuuto, mordendo o lábio inferior num claro gesto de apreensão, mas lançando-se adiante de qualquer modo. Não sabia aonde iria; simplesmente se obrigou a atravessar o mar de gente, esbarrando em várias das silhuetas. Ao final, acabou se deparando com o requintado bar, onde encontrou assentos disponíveis. Tão logo sentou-se em um deles, um suspiro denso lhe escapou. — O que será que a Yumi-chan vai pensar de mim quando ver esse lugar? — Apoiou os cotovelos no balcão e cobriu o rosto com as mãos. — Droga. — Tarde demais para lamentações. Nada podia fazer senão aguardá-la.

Embora não fosse do feitio de Yuuto se deixar levar facilmente por sentimentos pessimistas, naquele momento ele não conseguia evitá-los. A impressão de que cometera um enorme deslize ao marcar um encontro com Yumi numa boate tumultuada como aquela o atormentava. Sentia-se frustrado e impaciente, a ponto de outro suspiro ansioso lhe escapar. Os cotovelos permaneciam apoiados no balcão do bar, porém as mãos não mais lhe cobriam o rosto; agora massageavam as têmporas do rapaz no intuito de tranquilizá-lo. De repente lançou um olhar ao relógio de pulso — faltava muito pouco para as 21h. Inspirou profundamente e, em meio aos pensamentos inquietos, pôs-se a aguardar.

Algum tempo se passou. Na verdade, até mais do que fora combinado. Será que ela havia desistido? Certamente achara a ideia estúpida. Ainda assim não parecia uma atitude digna de Yumi agir desta forma. Yuuto estava prestes a buscar o celular no bolso da calça a fim de contatá-la, mas deteve-se quando entreviu alguém sentar-se ao seu lado. Logo a seguir captou a voz doce e familiar da garota. Ela enfim chegara. Uma forte pontada de ansiedade o atingiu enquanto voltava-se na sua direção. — Konbanwa, Yumi-chan — devolveu a saudação da amiga, oferecendo-lhe um sorriso cortês e receptivo. — Ora, não há por que se desculpar — afirmou em resposta à justificativa de Yumi sobre o atraso, e acrescentou: — A culpa é toda minha por não ter especificado um lugar para nos encontrarmos. — Soltou um risinho sem jeito. Você é mesmo um idiota às vezes, Yuuto, repreendeu-se mentalmente.

Seus olhos insistiam em fitá-la, sobretudo no instante em que ela passou a observar a pista de dança. Não podia evitar a atração; Yumi era linda em todos os aspectos. Súbito palavras de aprovação dela vieram à tona, provocando no rapaz surpresa e entusiasmo. — Mesmo? Fico feliz! — De fato, quanto alívio experimentou ao ouvir tal revelação. O diálogo prosseguiu: — Estou muito bem. Confesso que um pouco cansado devido à semana repleta de trabalhos. Mas não posso me queixar. — Sorriu de maneira cordial. — E você, como está? Espero não estar tomando seu tempo... Sabe, é minha primeira vez aqui. Eu não fazia ideia do que você iria achar desse lugar. Fiquei assustado quando entrei... — Um riso ameaçou irromper; Yuuto se controlou.

Seguiu-se uma breve pausa. — A música, as pessoas dançando... Não estou acostumado a isso. — Por algum motivo reconhecer tudo aquilo pareceu-lhe uma boa forma de se livrar da tensão. — Me diga, você... — Nem sequer chegou a concluir; o boa-noite inesperado do bartender o interrompeu. O sujeito de estatura baixa e feições amigáveis apresentou-se e perguntou se o casal — sim, utilizara esse termo — desejava alguma das bebidas à disposição. Yuuto, cujas faces ardiam de vergonha, olhou timidamente para Yumi. — Bem, eu vou querer sim... Só que a mais fraca, por favor. Não posso... beber tanto. — Dirigia-se ao bartender, todavia contemplava com uma expressão meio retraída a jovem adiante. — ...Yumi-chan, e quanto a você?