Quando alguém disser que agenciar um ídol é fácil, não acredite.
 
Jin-Joo havia acreditado e agora estava pagando por ter depositado a credibilidade na pessoa errada. Após o efeito positivo do lançamento do primeiro álbum de debut de Young-Soo, a mulher achou que poderia relaxar e curtir os frutos de um bom trabalho. No entanto, ali estava ela em uma floresta sendo picada por mosquitos e cercada de pessoas incompetentes ou preguiçosas. Algumas vezes as duas em uma.
 
— Você ouviu a música de Soo Young? – Falava ela para uma das assistentes fotográficas. — O álbum fala de paz, amor e serenidade. Essa arrumação parece para algo sereno? – Debochou. — Está pop demais e ele não é isso tudo. Acho que deveríamos aproveitar a natureza para criar algo mais simples. Eu já vi isso sendo usado por alguns ídols e funcionou.
 
Ela saiu do caminho a tempo de não ser atropelada por um jovem e seus equipamentos de luzes. Ela não via a necessidade daquilo, o dia estava limpo, tinha iluminação natural o suficiente para deixar a pele de Young-Soo branda como a neve. 
 
— Isso é mesmo preciso? – Falou para o produtor de fotografias que lutava para ligar um notebook em uma bateria recarregável. — Eu não entendo o suficiente de fotografia, mas sei que ele pode ficar pálido demais. – Percebeu que o homem não iria ceder o seu espaço de chefe ali, logo começou a se afastar recolhendo tudo o que achava e guardando dentro da sua pequena e delicada boca.
 
Se continuasse assim ninguém mais iria querer trabalhar com ela.
 
— Vou ver o modelo e vê como anda a sua preparação. – Falou para ninguém em particular. No entanto, no meio do caminho o seu telefone vibrou. Estava esperando uma resposta do festival pop de verão, e seu coração estava aos saltos. Ficou decepcionada ao ver que era apenas o seu marido. Desligou o telefone imediatamente sem ler a mensagem. Ele conseguiria cuidar das crianças sem ela por um dia.
 
Abriu uma cabana improvisada e logo avistou Young-Soo sentado em uma cadeira alta. Ele estava sendo tratado por um grupo de maquiadores, figurinistas e cabeleireiros. Seu peito se encheu de orgulho. O rapaz ainda precisava melhorar em muito, estava ainda nas primeiras porcentagens da sua vida como artistas. Mas, nada a deixava mais orgulhosa ao ver que ele estava se empenhando.
 
Fechou a cara porque não era o seu normal sorrir. Fez o melhor para parecer a megera que todos na Dong Yul a chamavam e se aproximou do seu agenciado.
 
— Fecha a boca, vai manchar a maquiagem. – Ralhou. — E esse cabelo? Eu não mandei para você um shampoo diferente? Porque ele está tão bucha desse jeito? Ou será que não é sua culpa? – Olhou de cantinho de olhos, porém de forma perceptível para o rapaz que mexia nos cabelos do seu agenciado.   

Eu já participado de outras sessões de fotos, mas aquelas estavam ficando realmente condicentes.

— Isso não é cor. – Falou a mulher para o cabeleireiro. — Não estou aqui para ter um agenciado com cabelo de papagaio. É sei que é moda na Coreia, mas tenho bom gosto e isso realmente não é bonito. – Ela deslizou o seu sapato rasteiro até uma bolsa e começou a mexer sem ser convidada. Achou tons de loiro, tons de vermelho, de preto e por fim achou as cores castanhas. Pegou duas bisnagas e retornou para perto do rapaz. — Quero castanho claro e um castanho-avermelhado. – Não deixou brechas para opiniões.

Ficou ali vendo a pintura, depois a lavagem e por fim a secagem.

Seguiram para fora logo depois. Jin-Joo tomou uma posição privilegiada, tentando ao máximo se conter para não se intrometer. Mas, ela não conseguiu resistir por muito tempo.

— Agora podemos fazer entre as árvores. – Falou. Todos olharam para ela, e ela manteve a postura rígida. Encarou a todos diretamente nos olhos e voltou-se para o fotografo. — O quê? Eu posso não entender de fotografia, mas entendo de agenciar, marketing e publicidade. Então, como eu estou encarregada de entregar o cachê para toda a equipe aqui, acho que sou a chefe. E como chefe, quero algumas entre ás árvores. – Ficou esperando que alguém a desafiasse. Não aconteceu.

Satisfeita, viu Young-Soo retornando minutos depois com uma nova roupa. Caminhou silenciosamente até as árvores mais próximas e ficou de longe, observando a preparação e as primeiras fotos.

— Você precisa de clareamento. – Falou por fim ao ver os dentes do rapaz. — Fica metendo a cara na cafeína. – Retirou o celular da bolsa e abriu a agenda online. Pegou um horário de uma aula e colocou-a mais para tarde, em seguida encaixou o horário de um dentista. Naquela dia Young-Soo iria dormir ás 0:00 e não aos 23:00 como era de costume, mas, iria de dentes brancos.

Quando acabou a sessão, foi a primeira a se afastar. Pegou o celular e chamou o carro com o seu motorista. Esperou Young-Soo retirar as roupas e a maquiagem e partiu com ele para o próximo compromisso.

— Vamos para almoçar em algum lugar. – Ela percebeu o seu sorriso. — Não se assanhe, será salada. – Explicou. Nunca mais iria agenciar uma criança de dezessete anos.