De personalidade naturalmente calma, ela não costuma ser o tipo de pessoa que se irrita com facilidade a ponto de levantar a voz. Geralmente ela é o tipo que costuma ouvir qualquer coisa em silêncio, mesmo que discorde profundamente de tudo. E, apesar de quase nunca deixar transparecer, ela possui seus próprios ideais e pensamentos, que nem sempre combinam com o estereótipo para moças japonesas. Ao mesmo tempo ela costuma ser efusiva e barulhenta com seus poucos amigos, falando de forma livre e se tornando uma pessoa diferente da moça quieta e de aparência comportada que ela exibe aos demais.

Yui poderia ser considerada um erro de percurso ou uma mancha, como seus avós costumavam se referir a ela. Naturalmente sem qualquer culpa em toda a situação com seus pais, mas sempre era fácil para os adultos machucarem o elo mais frágil de toda a equação. A história dela havia começado antes do seu nascimento, no final dos anos noventa. Quando seu pai biológico — um homem sul coreano, com bastante posses e um nome de respeito — engatou um romance com sua mãe, uma mulher japonesa comum. Pelo que sabia, os dois costumavam se encontrar nas diversas viagens a trabalho que seu pai tinha no Japão. Até então mantendo o relacionamento extraconjugal em segredo, naturalmente não tinha como sua mãe saber que o seu, até então, príncipe encantado era casado e já tinha filhos. A descoberta de que estava grávida, em meados de 2001, apenas fez com que a verdade viesse à tona. Apesar de tudo ela seguiu a decisão de ter a criança, que seria Yui, mesmo sozinha e desempregada.

A decisão do seu pai de não assumi-la como filha e sequer enviar qualquer ajuda financeira nunca a incomodou à medida que crescia, apesar de ressentir a forma como sua mãe assumia turnos longos demais em seu trabalho apenas para lhe dar uma boa educação e vida. Afinal seus avós maternos também haviam virado as costas para as duas. Mas as coisas mudaram quando Yui completou treze anos, tendo que lidar com a aparição surpresa do seu pai biológico — até então desconhecido — e a sua insistência de que as duas se mudassem para a Coreia, onde ela poderia receber uma boa educação. Yui sabia que tinha sido o medo de que pudessem ser separadas que moveu sua mãe a concordar. E a mudança para o país estrangeiro foi o marco de toda a desgraça na vida dela. Mesmo que não entendesse o idioma sabia que seus avós paternos e a madrasta a tratavam como inferior, seus olhos cheios de crítica e censura. Como se Yui não valesse um centavo.

As coisas na escola eram melhores, naturalmente. Ela conseguia ignorar o riso dos estudantes, sempre muito mais altos que ela, mesmo que fossem da mesma idade. Conseguindo engatar pequenas amizades com outros estudantes estrangeiros que também se sentiam deslocados. E era o que bastava para que ela se sentisse quase como uma adolescente normal. Mas foi aos dezesseis anos que ela descobriu a música pop coreana, se apaixonando por algumas das artistas femininas que estavam sempre em alta. Especialmente Holy. Que pareciam sempre cantar com seu coração e era capaz de apagar toda a frustração que Yui sentia de ser tratada como cachorro dentro de casa. Gostar de outros artistas veio com facilidade para ela que, pouco-a-pouco engatava seus pequenos sonhos e hobbys na forma de um pequeno blog de avaliação musical. As coisas na sua vida estavam estagnadas, mas naquele ponto ela estava satisfeita com o que tinha, vivendo na própria bolha.

+ Yui é péssima em jogos e honestamente não entende os jovens viciados em games.

+ Ela tem medo de cachorros grandes.

+ É capaz de dormir em qualquer lugar, não importa a circunstância.