Ter visto Ji Sook naquele dia definitivamente lhe deu o resto de energia que lhe faltava para encarar a conversa que havia sido marcada entre ele e o CEO da empresa. De maneiras que ele não conseguiria explicar ou justificar, sentia-se nervoso e apreensivo, principalmente porque a fama de Im Joon Woo precedia o próprio. O menos simpático entre os CEOs das cinco maiores empresas da indústria de entretenimento da Coréia. A imagem do homem sorrindo no dia da audição ainda assombrava seus pensamentos.

De toda sorte, seus passos eram apressados pelos corredores da empresa depois de chegar no andar onde se localizava a sala dele. E não bastasse todo o pavor que sentir de ter que encará-lo, seu cérebro pareceu derreter ao ver Koharu na mesa da secretária do CEO — que por acaso era ela mesma. Não era como se ele ainda tivesse oito anos e a mais velha dez para que ainda tivesse medo, mas seu eu de oito anos talvez ainda vivesse lá dentro da sua cabeça apavorado com a irmã mais velha de sua melhor amiga. Talvez porque ela sempre parecesse mais madura do que ele jamais se sentiria em toda sua vida.

Depois de travar por alguns momentos, sem saber exatamente como se referir a Koharu dentro da empresa, ou se deveria falar em coreano no lugar da língua materna deles, ele finalmente se aproximou da mesa, tentando não parecer tão assustado quanto realmente se sentia. — Boa tarde, Hirawa Biseo — cumprimentou-a, fazendo uma mesura com o corpo. — Pode avisar ao CEO Im que eu vim falar com ele? — Pediu ele, torcendo para que sua voz não soasse tão ridiculamente baixa quanto parecia naquele momento. Esperou enquanto Koharu entrava pela porta absurdamente grande da sala do CEO, assentindo e agradecendo quando ela voltou dizendo que ele estava esperando.

— Boa tarde, CEO Im — cumprimentou, novamente curvando o corpo embora agora de maneira mais demorada e inclinada. Assentiu ao ouvi-lo dizer que poderia se sentar, encaminhando-se até um dos sofás e encarando enquanto o homem sentava-se de frente para ele. Na verdade, Shin já esperava que fosse levar uma bronca ou ter seu contrato rescindido, por isso apenas acenou ao ouvir a pergunta do mais velho. Seus olhos não paravam de analisar a movimentação de Joon Woo e seu coração parecia tentar sair de dentro do seu corpo.

No entanto, lá estava ele parecendo disposto a ouvir qualquer justificativa que o japonês tivesse para dar. E Shin não esperava aquela reação, por isso precisou respirar fundo algumas vezes antes de falar, embora sua cabeça agora parecesse completamente vazia — o que tornava inútil todas as vezes que havia ensaiado na frente do espelho do banheiro ou durante o banho o que diria desde o dia da reunião com o manager até ali.

— Hm — começou ele, como se tentasse buscar as palavras exatas que diria ali no mais profundo de sua mente. — Existe essa garota que eu conheço e por quem eu me apaixonei — disse, sentindo-se por alguns instantes o cara mais ridículo da face da terra. Como ele explicaria que estava apaixonado? Im Joon Woo o entenderia? Ele é casado, certo? Deveria entender ao menos. Levou as mãos aos cabelos, afundando os dedos entre os próprios fios enquanto balançava a cabeça de forma quase frustrada. — Senhor, sinceramente, eu não sei como vou explicar isso. O senhor espera que eu explique como me apaixonei? Eu não sei. Não sei como a gente se apaixona. Mas ela é doce, carinhosa, calma e paciente. Ela é tudo que eu não esperava encontrar, mas encontrei de repente e aí a minha vida mudou de ponta cabeça. Eu não quero explicar por que eu a amo, porque não sei se existem formas boas o suficiente de fazer isso. — Disparou, quase sem parar para tomar fôlego, sem medir as próprias palavras. A parte de seu cérebro que tentava lhe lembrar que estava falando com seu chefe parecia estar sendo sufocada pelos seus próprios sentimentos.

O japonês soltou os próprios cabelos, voltando a observar a expressão do CEO. — Eu a amo e eu quero poder ficar com ela. Mas eu também gosto de estar aqui e quero dar o meu máximo para ser um bom artista para a empresa. Eu quero mesmo poder fazer os dois, e eu juro que estou disposto a aceitar qualquer coisa que o senhor me mandar fazer. Menos se o senhor me mandar terminar meu relacionamento, porque também juro que estou disposto a correr qualquer risco por ela, mesmo que o maior deles seja me desligar da empresa. Só queria que soubesse que ela me dá forças para continuar aqui, e para dar o meu melhor aqui dentro. O apoio dela é uma das coisas mais importantes do meu dia a dia, e acho que os garotos do grupo podem confirmar isso por mim. — Continuou ainda sem respirar. No entanto, seu tom de voz não havia sido alterado e suas palavras eram firmes. Muito mais firmes do que ele pensava que seriam àquela altura do campeonato.

— Quero ser bom por mim, por ela e pelos garotos. E quero ser bom para mim, para ela, para os garotos e para a empresa. É de verdade que eu quero. Mas não quero ter que escolher entre um dos dois, porque se eu tivesse que escolher, eu escolheria ela sem pensar duas vezes. Porque eu posso construir outras carreiras, mas outro amor como esse, eu não sei se eu consigo encontrar tão fácil. — Completou, soltando um suspiro pesado como se só então se lembrasse que precisava respirar.

Agradeceu mentalmente o fato do homem ter lhe dado algum tempo para respirar, mas sentiu seu coração palpitar enquanto ele se aproximava sobre a mesa entre os dois. Ele precisava ser tão sério a ponto de ser meio assustador? O Aikyo pensava que não, mas lá estava ele sendo meio apavorante. Mesmo assim, o japonês não se moveu, embora tenha a sensação de que engoliu em seco enquanto o assistia chegar mais perto. A pergunta que lhe foi feita, no entanto, o fez inclinar a cabeça quase como se tivesse ficado confuso. — Senhor, eu não sei se posso ter certeza dos sentimentos de outra pessoa que não seja eu — soltou simplesmente, coçando um pouco a própria testa. — Tudo que eu posso fazer é acreditar nela. E eu acredito, não só no que ela diz, mas também no que eu vejo. O cuidado e o carinho que eu vejo nos olhos dela, eu não encontro tão facilmente nos olhos de qualquer um. — Explicou, quase se sentindo ridículo outra vez.

Toda vez que o mais velho se calava, o tempo parecia começar a se arrastar, como uma cena em câmera lenta no meio de um filme que já era ruim o suficiente. O que ele falou, no entanto, fez um suspiro aliviado escapar pelos lábios do Aikyo, uma espécie de felicidade e tranquilidade tomando conta de seu corpo — quase como se tivesse ganho na loteria ou fumado maconha. — Estou disposto a trabalhar o triplo ou infinitas vezes mais se isso fizer com que eu possa ficar com ela! — Disse com um sorriso nascendo em seus lábios, seu cérebro passando a ignorar que estava na presença do CEO da empresa.

Sua cabeça balança de maneira positiva e incessante, sem conseguir tirar o mínimo que fosse do sorriso que havia em seu rosto. — Um mês. Tudo bem, senhor. Um mês é ótimo. Muito obrigado, CEO Im! Muito obrigado mesmo. — Disse, levantando-se e curvando-se algumas vezes enquanto ele também levantava e ia até a própria mesa. Shin quase não cabia mais em si naquele momento. Assentiu ainda enquanto se despedia, saindo devagar da sala, e mandando um sinal de positivo com os dedos na direção de Koharu.

Ele poderia ficar com Ji Sook, não importava mais o medo que sentia da Hirawa mais velha. Tudo estava certo agora. Poderia ficar com Ji Sook e aquela era mesmo a única coisa que importava. Não via a hora de voltar para a sala de treino e contar aos garotos que havia dado tudo certo. Mas não contaria para ela ainda. Queria mesmo fazer surpresa.