Bo-ah estava tão entretida com a cara entre os livros, caminhando tranquilamente pelo chão gramado do campus que nem percebeu quando esbarrou em outra menina. Não pediu desculpas, apenas prosseguiu. Havia relaxado durante o semestre inteiro e ali no final, pronto para se encaminhar ao segundo, estava perdida. Moda era de longe um curso difícil, de perto parecia que se estava longe. Ela nunca conseguiria gravar aqueles nomes e nem tampouco metade das técnicas de costura que aprendia. Os professores pareciam com o nariz arrebitado, muitos tinham grifes e outros escreviam para revistas de moda famosas.

— Eu acho que me dei mal em história da arte! – Uma voz masculina surgiu atrás de Bo-Ah e seu único amigo conquistado durante aquele semestre surgiu de aparência abatida, roupas impecáveis, mas maquiagem borrada. — Chorei no banheiro para ver se eu me sentiria melhor, mas continuo me sentindo uma porcaria. – Sam era mesmo um fofo.

— Chorar não vai adiantar em nada. – Era o seu jeito de tentar confortá-lo. — Sei que não iremos nos sair tão bem nesse primeiro semestre, mas quem vai? Pelo menos acho que não iremos reprovar... – Ninguém tinha certeza, portanto as palavras não saíram com tanta convicção assim. — Não adianta chorar pelo leite derramado, vamos nos concentrar na prova de hoje.

E como resposta, a porta do elevador se abriu e eles se viram subindo para o terceiro andar. O campus de moda era imenso, isso porque abrigava o curso de arquitetura e todos os relacionados a designer. Era um dos prédios mais cheios de sala de toda a universidade, mas também era o mais organizado e todos ali pareciam se vestir de um jeito fantástico. As paredes eram limpas e ninguém surgia fedendo como acontecia com o pessoal de literatura e artes. Na opinião da universitária era o melhor lugar para se estar, exceto na quadra vendo os meninos de educação física se exercitando.

Ela abriu a porta e logo se viu sendo separada de seu amigo. A sala aonde estava era a mesma onde havia estudado durante todo aquele primeiro semestre de psicologia. Embora a matéria havia sido relativamente fácil, psicologia não era a sua área, era apenas uma válvula que precisou para fugir de tecidos, cortes e desenhos por duas horas ao dia.

— Sobre a mesa apenas caneta azul. – A docente do curso, uma senhora amarga que vivia com três gatos e brigava semana sim, semana não com o namorado passava entre eles conferindo as carteiras. — Vocês terão duas horas para realizar toda a prova e marcar o cartão de resposta. Boa sorte! – Ela deu um sorriso maldoso.

Enquanto esperava o material se entregue na sua mesa, Boah que nunca havia sido religiosa abaixou a cabeça em total desespero. Com os olhos fechados ela sentia a ansiedade invadir o seu corpo. Ela só queria fazer uma boa prova e acertar pelo menos 80% das questões. Naquele momento ela se arrependia das brincadeiras feitas nas aulas, das idas ao banheiro que só tinham fim três horas depois, das fugas para comer e das festas que frequentou que lhe tiravam o foco. E ainda havia o pior motivo pelo daria tudo errado se as divindades não estivessem ao lado dela: Soo Young.

Seus olhos se abriram e ela enxergou a folha na sua frente e o cartão de respostas. Ela respirou fundo três vezes antes de assinar o nome. Conferiu as perguntas e uma luz divina brilhou na sua cabeça, ela conhecia quase todas as respostas para aqueles questionários. Deu uma olhadela discreta para Sam do outro lado da sala e percebeu que o amigo também parecia aliviado e sorridente. Aparentemente havia um deus que ajudava os universitários perdidos, não é mesmo?