Local:  Bukchon Village
Participantes: Han Hae Won & Han Min Sun
Detalhes: Tempo ameno, 18°.

Hae Won sentia-se preguiçosa naquela manhã. Havia recebido um dia de folga enquanto Holy estava naquela espera pelo lançamento de seu álbum. Mas tinha de organizar a agenda da garota ainda assim e, por conta de alguns imprevistos, atrasaria com o lançamento do álbum de Lani. Pensar naquilo lhe trazia dor de cabeça e, por essa razão, ela comprimiu os lábios em uma linha fina antes de ter certeza de que faria aquilo.

Um suspiro pesado passou por seus lábios quando ela chegou na brilhante conclusão de que poderia conversar com a irmã sobre formas de melhorar a carreira de suas agenciadas. É claro que aquilo também era uma desculpa para ver a mais nova. Fazia tempos que não se viam pessoalmente e ela sentia saudades da garota que, recentemente, havia graduado-se. Aliás, aquela fora a última ocasião em que a havia visto.

O pensamento foi longe enquanto tomava um banho e entrava nas jeans justas, colocou uma camisa leve e secou o cabelo antes de passar uma maquiagem de modo a tornar-se apresentável. Deus, como odiava aquela rotina. Odiava mais do que tudo. Mas pelos anos de idol, estava tão enraizado em seu âmago que ela sequer conseguia se livrar dela. Tivera, em algum momento, medo de que a mais nova seguisse seus passos. Felizmente, não aconteceu. Hae Won já tinhas seus trinta anos e era quase um completo fracasso no ponto de vida de alguns.

Tinha um bom dinheiro dos tempos de idol. Dinheiro esse que lhe permitira comprar um apartamento, fazer sua graduação e manter-se até conseguir o emprego como manager. Mas algumas pessoas de sua família diriam que ela estava na pior. Mandou uma mensagem para Minnie, pedindo para que se encontrassem em um café em Bukchon Village. Logo que viu a resposta, sorriu abertamente.

Desceu pelas escadas de incêndio com a pasta logo que colocou o blazer e sinalizou para um dos táxis que passavam em frente ao prédio. Deu o endereço do café e manteve uma conversa agradável com o motorista até que chegassem no lugar. Pagou pela corrida e entrou no estabelecimento, sentando-se em uma das mesas próximas da janela. Pediu um Latte Macchiato enquanto esperava a caçula. Aquilo lhe trazia um pouco de felicidade. Gostava de pensar que estava feliz sozinha, mas na verdade, sentia falta da família.

Olhou a irmã com um risinho baixo ao perceber que, finalmente, a garota chegara e esperou que ela se sentasse com aquela cara de quem havia bebido demais.

— Não sou a mamãe. Não faria o menor sentido se eu lhe desse um esporro sendo que eu… — olhou a irmã com um sorrisinho. — Bom, na verdade, eu poderia lhe dar um esporro porque na sua idade eu estava casada e não caindo de bêbada por aí. Mas eu não sou a eomma. — encolheu os ombros como se dissesse para a mais nova deixar de lado.

Juntou os papéis que havia disposto sobre a mesa até que Min Sun chegasse e os guardou na pasta. — Bem, estou bem! E de vez em quando eu me lembro que tenho uma irmã e decido que quero vê-la. Fazer o que? E você, como está? Tirando bebida e… putaria. — disse a última palavra com cuidado para não se fazer ouvir por terceiros. — Como anda sua vida?

Fez um gesto para que a garçonete se aproximasse e deixou que a caçula fizesse o pedido antes de se recostar na cadeira e ouvi-la atentamente. Por fim, apenas maneou a cabeça e prendeu o inferior entre os dentes por um instante. — Como estão a eomma e o appa? Fico orgulhosa de você não ter seguido meu exemplo, Sunny.

A mais velha tomou um longo gole da própria bebida e suspirou pesadamente, sorrindo com o canto dos lábios aos analisar a postura da caçula. — Ainda sai com aquelas suas amigas? Ga In e Woo Ri. Lembro que eram inseparáveis.

— Aquela moça foi demitida. Não vou dizer que foi por causa de sua matéria porque foi culpa dela mesma. Mas você tem de dosar o que vai falar. Eles ainda são pessoas, Sunny. Eu ainda sou uma pessoa. — disse de forma paciente para a garota. Elas costumavam compartilhar tudo e Hae Won achava muito estranho não ter mais a caçula por perto.

Fora difícil se adaptar com a ideia de ter uma irmã. Mas agora ela sequer se imaginava sem a ruiva. — Gostei do cabelo, Sunny. — elogiou-a com um meio sorriso e tomou um gole da bebida quente que recebera. Não pôde evitar de rir com a pergunta que se seguiu. — Eu tenho a imagem de que você é uma garota normal e saudável de vinte anos e que está pronta para ficar com quem quiser. — deu de ombros. Hae Won não iria rogar de santa. Não era segredo para a caçula que ela ainda arrependia-se de ter se casado com o mesmo cara que tirou sua virgindade.

A careta de desagrado foi inevitável a menção de que os pais estavam transando. Mas ela poderia fazer o que? — Eu só espero que você não tenha que ouvir. Digo, na minha época as paredes pareciam muito finas… — um arrepio percorreu sua espinha e ela estremeceu com a lembrança. Assentiu com a fala da mais nova e estalou a língua no céu da boca. — Eu pareço desesperada? A última coisa que eu faria é sair com vocês. — "Vai que fico bêbada e acabo fodendo com sua amiga no meio bar?", ela pensou sem verbalizar ou deixar a emoção transparecer.

Era complicado pensar em um meio de contar as coisas para a garota, mas precisava. Ao menos parte do todo. — Sunny. Tenho que te falar uma coisa. Eu vou entender se ficar chocada ou zangada. Nossos pais não podem saber. — bateu os dedos magros sobre o tampo da mesa.

Aquela era sua última chance de dar para trás. Mas já vinha adiando aquilo há quanto tempo? Dois anos? Três? Ou seriam nove? Ela sabia que era bi desde o divórcio. — Eu sou bissexual. — saiu como um tiro. Olhava no que pensou ser os olhos da irmã. Tinha uma expressão impassível e estava pronta para vê-la sair dali, secretamente rezando para que não acontecesse.

Havia muito tempo Hae Won perdera a fé nos pais. Talvez Min Sun fosse nova demais para se lembrar de uma primogênita petulante e cheia de si que brigava quase cotidianamente com a mulher que chamava de mãe. Ela mantinha convívio com os pais, talvez, apenas por mais pura conveniência. Sunny era a única pessoa que lhe importava de fato. Ainda assim, temia que as proibissem de se ver caso soubessem a verdade sobre suas preferências sexuais.

O alívio que a invadiu com a reação de Min Sun foi o suficiente para fazer a mulher rir junto. Balançou a cabeça algumas vezes e deixou a cabeça pender para frente, a postura séria relaxando completamente. Retirou os óculos escuros da mais nova, fazendo-a olhar em seus olhos. ― Na verdade, sim. Mas não vamos citar nomes, certo? ― um suspiro pesado passou pelos lábios finos da mais alta. ― É só... sexo. E acho que nunca vai passar disso, então... nomes não precisam ser citados. ― ela apenas manteve os olhos fixos nos da garota em sua frente.

Sempre achava estranho ter de pensar na possibilidade de ter que revelar para Sunny que namorava alguém da idade dela. ― Ela é... mais nova. ― resmungou, franzindo a testa por uma fração de segundos. ― De todo modo, acho que é isso. A relação mais profunda que eu consigo com alguém depois daquele pedaço de merda. ― um sopro de riso passou por seus lábios ao que ela os mordeu, inspirando profundamente o ar. ― E você? Tem saído com alguém?