Era difícil. Sunny jamais deixaria de admitir o quão era difícil.

E lidar com o tremor frequente de suas mãos era, disparado, a parte menos ruim da abstinência. Porque quando ela se levantava, o tremor espalhava por todo seu corpo e a fazia fraquejar. Como se fosse incapaz de se manter de pé. E realmente era de certa forma. "Não beba longe de mim" Jae Hwan havia dito. Ele ficaria com raiva se ela bebesse? Não era possível que Yun Ah não tivesse esquecido nenhuma garrafa no armário da sala sem querer. Seus dedos trêmulos passavam pelo rosto de forma frustrada e quase violenta. Ela não podia mais beber. Não queria. Não era a vida que ela desejava. Precisava se lembrar daquilo com frequência, mas não era fácil. Porque seu corpo inteiro pedia. Nem que fosse um gole de álcool.

Mas sua Yoonggie era firme. Principalmente com um pedido tão desesperado quanto o de Yun Sung havia sido. E ela sabia que a irmã estava do seu lado, e faria o possível para que ela não tivesse que passar por aquilo de novo. O acordo feito entre elas e Jay garantia que não haveria bebidas na casa quando ele não estivesse, porque a própria Sunny não aguentaria. Conhecia suas fraquezas. Claro que Yun Ah ainda poderia beber. Não havia nada que a impedisse. Mas ela não o faria no apartamento que as duas dividiam. Não sem Jae Hwan ali. Mas naquele momento Sunny estava sozinha. Nenhum dos dois estavam com ela, e tudo que ela precisava era de um gole.

Sua mente distorcida parecia tão trêmula quanto suas mãos e Sunny não era burra, mas o prompt acusava um erro pitoresco em alguma linha de seu código e ela simplesmente não conseguia achar. — Programa burro — resmungou em frustração, a mão em punho batendo sobre a mesa bem ao lado do mousepad. Por pouco não acertara o próprio mouse e ali iria algum dinheiro para concertá-lo, ou comprar outro. Ela não precisava de mais um prejuízo. Já bastava que seu corpo inteiro parecesse tentar matá-la.

E mais uma vez, a tremedeira não era a pior parte.

Aquela enxaqueca não passaria até o dia seguinte, passaria? O remédio não havia ajudado. Sua cabeça ainda parecia prestes a explodir. Sua orientadora desistiria dela assim que a visse pela manhã. Isso se Sunny conseguisse chegar até a universidade. Perderia a chance de entrar em uma das melhores empresas de tecnologia de Seoul pela sua incapacidade de manter-se sóbria. A entrevista seria um fiasco porque, ela tinha certeza, não conseguiria dizer um "a" sem estar no mínimo levemente embriagada.

Yun Sung não sabia mais o que era viver sem estar bêbada. Mas não queria mais viver estando. Não parecia justo. Nem com Yun Ah, nem com Jay, e muito menos com ela mesma. Começara a perceber, especialmente no último mês, como parecia estar desperdiçando sua vida inteira no álcool. E embora não querer mais viver daquele jeito fosse um passo importante, e que ela havia dado com convicção, era apenas o começo de um calvário. Ela morreria, não era? Seu coração batia no peito como se estivesse disposto a rasgá-lo e sair do seu corpo. E não era uma sensação boa. Porque ela realmente achava que assim iria morrer. Queria que seu coração tivesse se contentado em bater sem ritmo certo apenas na presença de Jae Hwan, porque daquele jeito era bom. Mas naquele momento não parecia mais possível.

"Eu só preciso de um gole" pensou ela, afastando-se da mesa quase com violência e levantando de súbito. O que foi uma má ideia e ela se arrependeu amargamente assim que o fez. Porque, como das outras vezes, o tremor se espalhou por seu corpo, enfraquecendo suas pernas e deturpando sua visão. Tropeçou nos próprios pés enquanto tentava sair do quarto e não demorou a cair, sua consciência perdendo-se num limbo infinito. Disforme e escuro. Ela não conseguiria sair dali, não era? Talvez não conseguisse sair dali nunca mais.