homecoming
De todos seus planos mais bem executados, Hyejoon tinha que admitir que estar em um festival após um voo de mais de dez horas não fora uma de suas ideias mais brilhantes. Seu corpo ainda estava meio dolorido e seu fuso horário interno implorava que ela almoçasse logo. Sua olheiras tinham sido escondidas de última hora, e sua maquiagem brevemente retocada no espelho do banheiro do jato de seu tio que tinha ido a buscar em Berlim.
Ontem, esse horário, Hyejoon não fazia ideia que estaria no festival presencialmente. Sua vista dali não era tão boa como a de casa, e aquele ingresso de última hora tinha lhe custado pelo menos o dobro do que normalmente deveria, mas a menina não se importava. Não tinha interesse nesse tipo de entretenimento na Alemanha, e de certa forma, nem poderia ter. Ela tinha criado uma persona lá, uma faceta perfeita que não seria pega morta em um show ao ar livre, sem área VIP ou camarote. Não era exatamente pelas apresentações que a Ahn estava lá; claro, as músicas lhe agradavam e era um evento que ela ao menos veria um ou outro vídeo online, mesmo sem estar ali. Se fosse pelas músicas seria mais confortável do ficar de pé em suas botas de salto com seus pés doloridos em meio de uma multidão.
Como a maioria das coisas que Hyejoon fazia, aquilo também era pelo princípio. Ela tinha sumido da mídia antes mesmo de atingir quinze anos. A sobrinha prodígio de Ahn Hwangsoo que foi estudar na Alemanha era uma pessoa completamente diferente da Ahn Hyejoon que estava de pé ali, naquele momento. Seu anonimato talvez não duraria tempo o suficiente para que ela pudesse ser livre assim novamente. Hyejoon tinha poucas experiências sendo apenas mais uma pessoa dentro de um grupo, esquecida e não importante. Em Seul isso provavelmente nunca tinha acontecido.
O sol brilhava em cima de seus olhos, aquecendo fracamente seu boné. Ela tinha pegado umas roupas mais discretas dessa vez, tentar sair escondido com roupas de grife nunca terminava bem para ela mesma, afinal. Ao longe uma solista de apresentava e Hyejoon podia facilmente reconhecer como Hye. Sua voz era distinta e agradável mesmo pessoalmente, e ela tinha começado a pouco tempo. Hyejoon não fazia ideia quanto tempo ficaria ali de pé, tentando sentir a normalidade em sua pele antes de ter que voltar para a sombra de seu tio e aprender a liderar uma empresa multimilionária. Ela só tinha 23 anos.
Depois de mais alguns minutos a menina pegou sua câmera em sua mochila, com a lente digna de um fansite, e se reorganizou para poder ao menos tirar algumas fotos para levar de recordação. Não importaria quão curta aquela tarde seria, ou quão ruim as fotos ficariam no final, ela teria algo para imortalizar seu sentimento na forma daquelas imagens.