Hoje era um dos dias mais esquisitos do ano, era quando íamos visitar a vovó. Eu só sabia porque normalmente meus pais vinham me buscar. Bom, lá estava eu vestindo uma roupa que tinha comprado para o evento anual, era o dia que tinha que brincar de neta perfeita. A Halmeoni sempre gostou muito de mim, provavelmente por ser a única neta dela, ela sempre me mimou bastante. Então era o dia em que tentava ser a melhor neta do mundo, como retribuição.

Evitando falar palavrões, usar roupas mais coloridas, menos decotadas ou curtas, ou justas, bom vocês entenderam. Vestia um vestido que se aproximava muito de Hanbok, mas ainda assim sendo moderno e leve, antigamente eu realmente usava Hanbok, mas como a Omma desenhava alguns vestidos para mim, esse ela tinha feito para este ano.

Ouvia a campainha e corria até a porta, abria era Omma e o Appa. - Omma, Appa, entrem, entrem! - Como sabia que eles viriam tinha jogado tudo fora, resto de comida, garrafas vazias, alguns lixos e para a minha surpresa, duas camisinhas que o mal educado do boy deixou escondidas no banheiro - nota mental de nunca mais dormir com ele.

Eles logo caminhavam pela casa, inspecionando como sempre, enquanto terminava de pegar as minhas coisas.

- Você não traz homens para casa não é MinMin? - Meu pai sempre fazia a mesma pergunta e sempre me chamava pelo meu apelido de infância.

- Claro que não, papai! Posso ser maluquinha, como o senhor diz, mas nunca traria um homem para o meu apartamento! - Eu tinha que me segurar para eu não vomitar com o meu próprio cinismo, mas mantinha a compostura como sempre. - Já peguei a minha bolsa, vamos indo? - Como já dizia o ditado, quem muito procura, acha. Era melhor tirar eles antes que realmente encontrassem algo esquecido.

Aproveitava a viagem para dormir no banco de trás do carro, literalmente capotada, curando a ressaca da última sexta-feira onde tinha saído com as meninas da faculdade, e bem, sabe como é, bebemos que nem peixe, até de manhã e ainda não tinha curado totalmente da bebedeira. Só acordei com a mamãe me sacudindo, avisando que já estávamos entrando no bairro da vovó. Rapidamente usei o telefone para limpar a baba, ajeitar o cabelo e dar um último toque na maquiagem.

Assim que entramos, lá estava ela com enorme sorriso no rosto e eu também estampei um sincero para ela. - Halmeoni! - Dizia de maneira fofa para ela, dando uma corridinha e a abraçando e sentindo o abraço apertado dela.

- Tudo bem, minha flor? Está se alimentando direito? Está muito magrinha! Vamos entrar! Você tem que comer algo! - Ela dizia, me guiando de mãos dadas para dentro da casa, o Vovô como de costume me dava um abraço e um beijo na testa. Sentava junto a ela na mesa, fazendo um pouco de companhia a ela, respondendo as mesmas questões que ela fazia sempre que eu a visitava, mas nunca de maneira falsa. Eu adorava a minha avó, só não gostava do teatro de neta perfeita, mas amo muito ela.

Via que meus tios já estavam ali também, então imaginei que os meninos já estavam ali e se eu os conheço bem, estavam escondidos na cozinha. - Halmeoni, vou falar com os meninos e já volto, tá? - Levantava toda educada e ia para a cozinha. Chegando lá, encontrava os dois babacas num canto, conversando fiado. Me aproximava pé por pé, e quando Taeji menos notava dava um tapinha seco no nos países baixos dele, só pela diversão de vê-lo se contorcer.

- Olá bobões, já estão fumando? - Dizia com o mesmo tom de deboche que usava com eles ali. Sabia que eles tinham inveja do amor que a vovó tinha por mim, então usava isso como arma para me dar bem pra cima deles.