Trabalhar depois de perder Hae Won era difícil. Young Mi não era apenas agenciada da mulher, também era sua amiga e saber que ela havia morrido sozinha no pequeno apartamento vinha lhe dando pesadelos. Mas o mundo não iria parar só porque ela estava de luto, então ela fingia que ainda era ela mesma quando todos estavam olhando. Fingia que sua vida havia melhorado e que poderia seguir em frente porque saberem que estava desmoronando não tornaria as coisas mais fáceis para ninguém. Nem para ela mesma.

Ela se posicionou com Ha Yoon e Sumin, duas hoobaes  e sorriu amigavelmente para as câmeras, fazendo coraçãozinho com a mão quando foram introduzidas para o público como competidoras. Ela apenas esperou para ver quem seria a equipe que começaria, assumindo a frente para ir no gawi bawi bo. Estava animada, apesar de ainda não ter vivido todo o luto que poderia viver pela falecida amiga, de estar no meio das pessoas e mal via o momento em que poderia se juntar a algum grupo durante o tempo livre e assim poderia fofocar com eles na plateia. Talvez pudesse apenas... se distrair e ter um bom dia. Bons fins de semana. Já que até seu relacionamento parecia ruir cada dia mais. Na verdade, Young Mi estava cansada de não obter sucesso em nada que não fosse sua vida profissional. Seu fracasso pessoal e romântico a deixava doente.

Se preparou e aguardou seu momento de caminhar para a frente do alvo, ajeitando a saia de seu uniforme sem entender porque as garotas precisavam usar saias na arquearia, sorrindo para a plateia e agitando as mãos antes de assumir um postura ereta diante do arco, posicionar a flecha e tensionar a corda e deixar que a flecha fosse lançada ao alvo, ansiando por saber quanto conseguiria em sua primeira tentativa.

Atingiu um oito no alvo. Então, ela tinha certeza de que não ia tão ruim quanto pensava, ainda que parte dela soubesse que poderia ir melhor do que havia ido. Mordeu a bochecha e observou os arredores com curiosidade. Procurou por reação de Sumin ou Ha Yoon, sorrindo para as garotas de maneira amigável, como se as encorajasse a ir bem. Sua oponente também parecia boa. Mas ela tentou não focar em terceiros, concentrando sua energia no que faria em seguida. Posicionou a flecha, tensionou a corda para trás e inspirou com profundidade, enchendo os pulmões.

Fechou um dos olhos, certificando-se de que haveria uma chance de que sua visualização fosse a correta. Ela realmente queria poder fazer aquilo da melhor maneira possível, mas poderia sentir o nervosismo correndo seus ossos e seu estômago. E se agora fosse mal? E se sua cabeça não estivesse no lugar certo. O tempo para soltar a flecha parecia estar razoavelmente escasso, ao que Young Mi então soltou o novo tiro em direção ao alvo ao mesmo tempo em que soltava o ar de seus pulmões.

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Sete. Havia ido pior do que a primeira vez. Será que ainda teria alguma chance de recuperar? De qualquer modo, tinha as outras garotas e o importante era que ela aparecesse na mídia. Até porque, o dispatch a estava chamando de desleixada quando, na verdade, ela só se sentia cansada e exaurida em qualquer aspecto de sua vida que não fosse a carreira. Mas ninguém se importava, é claro. Ela era irrelevante enquanto ser humano.

Ergueu o arco outra vez e inspirou o ar profundamente, deixando a corda tensionada. Ainda tinha tempo de focar. Então, acalmou a respiração por três vezes, sentindo os dedos doerem e sua circulação ser cortada para além das falanges que estava esticadas, a corda parecendo que deceparia os pedaços de seus dedos quando ela finalmente soltou o terceiro tiro.

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Um perfeito dez. Young Mi não poderia acreditar que havia conseguido, ao que parecia sua cabeça estava no lugar no fim das contas. Ao menos, havia estado. Ela sorriu largamente e acenou para as pessoas acima de si na arquibancada antes de pegar sua quarta e última flecha. Repetiu todo o processo de a posicionar. Ela colocou a flecha no arco, posicionou-se como havia feito para obter um dez e torceu para conseguir outro.

Sorriu um pouco de canto, enquanto ajeitava a flecha e olhou ao redor antes do sinal para que pudesse ir. Sentiu a circulação de seus dedos ser cortada quando novamente puxou a corda para trás até o limite, fechou o olho correto e mirou no centro, pouco se importando com a possibilidade de estourar a câmera quando soltou a última flecha mirando no exato ponto central do alvo. Ou assim ela pensava ter feito.

Ela e as duas garotas mais novas haviam chegado até a final. Só de estarem ali já era uma vitória.

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