Não era o primeiro stage que eles fariam. Mas não era como se ele estivesse se sentindo mais calmo ou menos tenso. Ter se alongado e ensaiado mesmo antes de irem para o estúdio naquele dia não parecia ter aplacado em nada toda a ansiedade que queimava seus ossos e seu estômago até o talo. Ele havia brincado com os garotos, mas nem mesmo aquilo parecia ajudá-lo de verdade já que ele ainda sentia como se seu estômago estivesse sendo torcido igual a um pano enquanto esperava que todos ficassem prontos e que o momento de subirem no palco chegasse. Eles seriam o primeiro grupo a se apresentar naquele dia pelo que Taeyeoon dissera no caminho. Uma respiração funda saiu por seus lábios e ele quase desejou nunca ter feito aquela audição. Amava passar um tempo com os garotos, mas sua saúde seria capaz de lidar com todo aquele stress?

Ele tentou se abstrair o quanto pôde, mandando mensagem para os pais e para os irmãos para comentar sobre o que estava fazendo e que estava se cuidando bem mesmo que aquilo fosse apenas parcialmente verdade. No fim das contas, ele queria rir um bocado das roupas que eles usavam de modo geral por que, uma parte de seu cérebro pensava com certa curiosidade latente, elas precisavam mesmo ser tão feias? Ao menos todos eram bonitos o suficiente para que as roupas ficassem bem neles, mas a única certeza de Donggie era que se Jisook noona não havia terminado com Shin hyung depois de vê-lo usando aquelas coisas ridículas, então ela devia mesmo gostar dele.

Enquanto subiam no palco, ele só podia agradecer por terem colocado-o no fundo do palco. Porque ele não era confiante mesmo depois de algumas apresentações e algumas roupas mais atrapalhavam do que ajudavam o pobre garoto. Sua boca se moveu com o começo da música, mesmo quando ele se curvou um pouco para abraçar o próprio corpo e, depois, agitou-se para o lado a fim de fingir puxar Hyunshik. Era apenas o começo e ele tentava se manter sério, de acordo com a vibe da música.

Como tinha poucas linhas, sua maior preocupação durante boa parte do tempo era dançar. Ele movia os braços com sincronia junto dos demais, suas mãos executando movimentos rápidos que poderiam ser confusos para uma olhada em tempo real e, então, havia a jogada de braços e quadril que era, basicamente, o ponto chave da coreografia em questão: passo mais feito. É claro que ele achava a queda e abertura no final muito mais chamativas e fortes, mas aquele passo com braços e quadril e depois pés e braços era o mais feito.

Enquanto ele fazia gestos grandes com seus braços, sua mente entrava em modo automático na repetição de letras e movimentos, sendo guiado pela memória muscular e pelo exercício contínuo, pouco a pouco seu nervosismo se dissolvia em suas veias e ele sentia sua movimentação um pouco menos robótica. Manter a respiração sob controle para não ofegar e evitar ruídos nos ouvidos dos outros também era algo que ele precisava fazer de maneira consciente.

Juntou ambas mãos na frente do corpo, fazendo a jogada de ombros antes de mover o pé e repetir o movimento com os ombros com os olhos em busca da câmera que poderia estar filmando-o. Era algo que aprendiam quando começavam o treinamento: fazer contato visual com a câmera. E ele se considerava bom naquilo. A parte de pular no palco sempre o deixava um pouco receoso de que o peso deles fosse demais para o palco. Eles eram todos magros, mas quem poderia garantir que o palco era bem montado?  

Ele continuou a dançar, a expressão séria no rosto enquanto esperava seu momento de começar a cantar naquela música.

modu da swit
teojigi jikjeonui seuril

Sua voz saiu controlada, mesmo que seu coração estivesse disparado e seus pulmões queimassem pela falta de prática em cantar e dançar ao mesmo tempo. Ele não se sentia confiante como os membros com anos deviam se sentir. Ainda parecia que ele não era suficientemente bom. Deu um passo para frente, levando o indicador até os lábios como se pedisse silêncio e, depois, o mesmo dedo foi até sua têmpora onde ele "girou" o dígito e só então jogou o braço.

A verdade é que enquanto continuava cantando e se dirigindo ao centro do palco, o nervosismo parecia oscilar em ondas grandes e pequenas de desespero. Ele só sabia que precisava se manter estável e calmo, tanto em respiração quanto em sentimento, porque assim conseguiria se sair bem.

O cansaço crescia pouco a pouco e ele podia quase desejar novamente não ter chegado até ali. Mas era um trabalho árduo que muitos tentavam e poucos eram capazes, inclusive o rapaz que ele substituira ao entrar no grupo em que se encontrava agora. O momento em que encontrava deitado no chão junto dos outros, ao redor de Heejoon sempre o fazia suar. Era ali que o líquido frio começava a brotar de sua pele e ele podia sentir os fios da própria franja colando em sua testa durante o break dance.

Cherry Bomb era boa de se ouvir e ele gostava da coreografia, mas ela era explosiva e cansativa para se fazer de novo e de novo e mesmo com memória muscular e "costume", ele podia sentir-se exausto e ofegante ao terminar pela quantidade de força que os movimentos rápidos e explosivos exigiam dele e de seu corpo, assim como os suscetivos pulos.

nanana nanana
I’m the biggest hit
I’m the biggest hit on this stage
nanana nanana
I’m the biggest hit
I’m the biggest hit on this stage

nanana nanana
eoseo ppalli pihae right Cherry Bomb
nanana nanana
eoseo ppalli pihae right Cherry Bomb

O último refrão, que todos cantavam juntos, era uma de suas partes favoritas pelo visual criado para quem estava assistindo. Ele sempre se divertia com os gritos empolgados quando alguns deles caíam no chão e aquilo sempre lhe arrancava um sorrisinho, era o único momento em que ele não conseguia manter expressão séria. Porque as pessoas pareciam felizes e satisfeitas pelo que viam. Então, eles rolavam, se levantavam e formavam uma filha, guiada por Taeyeon, que se se abrindo em leque até formar um V. Dali, eram suas pernas quem formavam um V. Ele não poderia negar que pegar a coreografia fora doloroso, especialmente naquele movimento, havia partes de seu corpo que ele nem sabia que poderiam ser alongadas com um momento daquele e a dor que crescia era... terrível. Mas naquela altura, ele havia se acostumado com tudo.

Então, quando a música parou, ele apenas se permitiu respirar com a exaustão que realmente sentia assim que puxou o microfone para longe de sua boca e nariz. Haviam concluído mais um stage.